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segunda-feira, 25 de junho de 2012

O perdão do coração



Andrey Cechelero 

"O que é indispensável é nunca perdermos de vista o nosso próprio trabalho, sabendo perdoar com verdadeira espontaneidade de coração. Se nos labores da vida um companheiro nos parece insuportável, é possível que também algumas vezes sejamos considerados assim. Temos que perdoar aos adversários, trabalhar pelo bem dos nossos inimigos, auxiliar os que zombam da nossa fé." 

O mestre introduziu com perfeição as noções do verdadeiro perdão. Seus diálogos carinhosos com os discípulos pregaram por diversas vezes, a necessidade do verbo perdoar nas ações e pensamentos humanos. 

Mas o que significa "perdoar"? Os dicionários de nossa língua definem como absolver, redimir, mas é este o verdadeiro perdão? Certamente que não. Precisamos aprofundarmo-nos um tanto mais para compreendê-lo. 

O esquecimento do erro é a alma do perdão. Sem ele não podemos nos libertar das lembranças penosas, e das vinculações negativas com o próximo. Porém, cabe aqui um esclarecimento muito importante: não é a mente, a memória, que deve esquecer a ofensa, mas sim o coração, fazendo com que os sentimentos olvidem os fatos dolorosos. Por esta razão dizemos que, se ainda houver alguma gota de ressentimento, ainda não há o completo perdão. 

O ressentimento faz com que voltemos a nos sentir mal, faz com que retornem as mesmas impressões doloridas, a mesma mágoa do passado. Ressentir é sentir continuamente, é continuar sentindo algo desagradável, como se as lembranças tristes permanecessem ecoando nas naves amplas do nosso coração indefinidamente. 

Assim, para que exista o perdão do coração, faz-se necessário eliminar o ressentimento. Desta forma a memória poderá até lembrar, mas os sentimentos negativos já terão desaparecido, e isso propiciará nossa libertação das vibrações tempestuosas, dos traços de odiosidade que carregamos conosco. 

Como, então, fazer sumir o ressentimento? Com a compreensão, com a visão ampliada que o Espiritismo nos dá, mostrando-nos que nada acontece fruto do acaso, que nenhum sofrimento tem a intenção de nos prejudicar, e que, no estágio evolutivo em que estamos os erros ainda são comuns. 

Precisamos compreender as dificuldades dos outros: Precisamos enxergar no ofensor, no inimigo que nos prejudica, uma alma que sofre um ser que necessita de auxílio. 

Nosso orgulho terá dificuldades em aceitar o perdão, pois para ele parecerá fraqueza, humilhação. Porém, com a compreensão mais madura da vida, das vicissitudes, das provas, expiações, nosso coração aceitará melhor, livre dos ressentimentos, atado somente à lição maior do amor ao próximo. 

Ouvindo injúrias, recebendo críticas destruidoras e sendo abandonado pelas almas que deveriam amá-lo, Jesus perdoou, exemplificando o conteúdo excelso de sua mensagem. 

Na perfeição do mestre não havia lugar para o ressentimento... 


Boa Nova, Francisco Cândido Xavier
Espírito Humberto de Campos
(Jornal Mundo Espírita de Abril de 2001)

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